Município:
A partir de 1850, com a criação da lei de terras, houve uma corrida para a legalização das estâncias no Rio Grande do Sul. O principal caminho era a busca pelo título de posse, ou seja, legitimar terras que estavam sendo ocupadas por antigos moradores, mesmo que muitas vezes essas terras fossem devolutas (pertencentes ao estado). Pelos documentos encontrados no Cartório Registro de Imóveis de Passo Fundo, o primeiro estancieiro a legalizar as terras onde hoje se localiza o território do município de Vila Lângaro foi o casal João da Silva Rocha (conhecido por Jango) e sua esposa Francisca de Oliveira (conhecida por Chica).
João e Francisca eram descendentes de tropeiros, casaram-se no dia 25 de fevereiro de 1838 e ambos migraram para a região de Passo Fundo com seus pais, oriundos do Paraná, tendo uma passagem pelos campos de cima da Serra. Conforme as pesquisas realizadas, só foram encontrados registros de dois filhos de João e Francisca, (possivelmente tiveram mais), sendo eles: Diogo da Silva Rocha e Felicidade da Silva Rocha.
A filha de João da Silva Rocha e Francisca de Oliveira, Felicidade da Silva Rocha, casou-se com Antherio Boeira no dia 22 de fevereiro de 1879, conforme registro de casamento obtido junta a Mitra Diocesana de Passo Fundo. O casal herdou significativa quantidade de terras de seus pais e sogro que, posteriormente, foram repassadas a seus sucessores, dando início a uma ocupação mais efetiva do território onde hoje se localiza o município de Vila Lângaro.
Com o passar dos anos os herdeiros das terras das famílias Rocha e Boeira foram colocando à venda parte de suas terras, atraindo assim a vinda de italianos e alemães para Vila Lângaro que na época seu território pertencia ao município de Passo Fundo.
Chegada dos italianos:
Federico, Ferdinando e Francesco Giusepe, preferiram adquirir terras no interior do município de Passo Fundo se dirigindo com suas respectivas famílias, a região onde hoje se localiza o município de Vila Lângaro, tendo em vista que ouviram falar que a família Boeira estaria vendendo áreas de terras férteis para a prática da agricultura.
A chegada dos três irmãos Langaro nas proximidades da atual sede do município de Vila Lângaro ocorreu por volta de 1910. Antes disso fizeram uma parada na propriedade do senhor Chrispim Procópio Teixeira e sua esposa Isabel Kurtz Teixeira. O senhor Chrispim era um dos antigos moradores das proximidades da atual comunidade de Linha Scheleder, onde hoje é a propriedade de seu filho senhor Sutel Kurtz Teixeira e dona Jurema de Fatima Almeida Teixeira.
Os Langaros foram acolhidos pela família de seu Chrispim, que cedeu um galpão para as pessoas da família se alojarem até que concretizassem a compra de suas terras.
Os irmãos Lângaro foram até a casa de seu Antherio Boeira e compraram oito colônias de terra, onde hoje é o centro da cidade de Vila Lângaro. As terras eram de mata fechada com algumas “picadas” que serviam de estradas, mas prometia ser um chão fértil e muito apropriado para o cultivo do milho, feijão, mandioca e para a criação de animais.
A família Langaro foi a primeira dentre as várias famílias de imigrantes que chegaram para residir onde hoje é a sede do município, porém outras famílias migraram das Colônias Velhas para Colônia Lângaro após os anos de 1910.
Chegada dos alemães:
Segundo relatos de membros da família Seidler esta foi à primeira família de descendência alemã a colonizar as terras onde hoje se encontra o município de Vila Lângaro. O Imigrante Guilherme Seidler, veio da Alemanha (data incerta), com 12 anos e fixou residência em Santa Rosa. Casou-se com Ida Vitt Seidler e tiveram nove filhos: Lindolfo, Bertoldo, Emílio, Helmute, Bruno, Matilde, Ida, Luiza e Hilda. Quando completou 42 anos veio morar em Colônia Lângaro, numa pequena casa de pau a pique onde produzia alimentos somente para comer.
A família Langaro foi a primeira dentre as várias famílias de imigrantes que chegaram para residir onde hoje é a sede do município, porém outras famílias migraram das Colônias Velhas para Colônia Lângaro após os anos de 1910, dentre elas estão: Família Arcari, Família Biazotto, Família Bordignon, Família Tognon, Família Costella e Família Rovani.
Evolução Política e Territorial do Município de Vila Lângaro:
Nos primeiros anos do povoamento as terras, onde hoje se localiza o município de Vila Lângaro, pertenciam ao distrito de Coxilha que fazia parte do município de Passo Fundo.
Em meados da década de 1930, Colônia Lângaro passou a pertencer ao distrito de Sede Teixeira, criado aos 25.01.1929, pertencendo ao município de Passo Fundo. Em dezembro de 1944, ocorreu uma mudança de nome do distrito de Sede Teixeira para Tapejara, sendo que em 09.08.1955, este distrito conseguiu sua emancipação política da munucípio de Passo Fundo.
Com a Emancipação de Tapejara em 09 de agosto de 1955, o território de Colônia Langaro, passou a fazer parte desse novo município, encurtando assim a distância com a sede do município, tendo em vista que Passo Fundo ficava a 45 km de distância, enquanto Tapejara fica a menos de 20 Km. Com o passar dos anos, Colônia Langaro foi crescendo, sendo promovido a distrito de Tapejara através da Lei n° 82 de 13 de dezembro de 1957.
Colônia Lângaro progrediu desde sua fundação, por volta de 1910, e seus habitantes sentiram a necessidade de uma independência político - administrativa para melhorar ainda mais a vida de seus habitantes. Segundo depoimento do senhor Ivo Benetti, em meados de 1993, com uma população aproximada de 1800 habitantes, surgiram as primeiras discussões sobre a Emancipação desta localidade. Incentivados pelo senhor Vildo Rovani (in memória), na subprefeitura de Colônia Lângaro, compareceram somente cinco pessoas: Vildo Rovani, Realdo Savaris, Valdemar Rovani, Ivo Benetti e Arcenio Angelo Biazotto.
O senhor Vildo (in Memorian) não se intimidou pelo número de participantes e fez as colocações sobre a emancipação. Falou da importância de que já tinha levantado dados referenciais, feito busca de documentos e se informado sobre como proceder para lutar pela emancipação.
A partir de então essas pessoas começaram a acreditar e novos encontros foram marcados nas casas, como o número de pessoas foi aumentando, resolveram se encontrar no subsolo do salão da capela Nossa Senhora do Rosário, com um número bem maior de participantes e com representantes das comunidades locais.
Posteriormente as lideranças locais criaram uma comissão formada por membros das comunidades pertencentes a este território para darem início a busca por apoio para a emancipação junto a deputados e, também, a orientação junto ao escrivão referente a documentação necessária. Uma das primeiras orientações foi de oficializar uma Comissão Emancipacionista seguida da busca de assinaturas da população, pelo menos um número mínimo de eleitores do município.
No início, a luta pela emancipação, gerou algumas desconfianças em pequena parte da população. Faltava, ainda, a convicção de que o desmembramento de Tapejara iria realmente melhorar a infraestrutura das comunidades, mas os trabalhos prosseguiram. Foi realizada uma conferência com a população, no salão comunitário de Colônia Lângaro, juntamente com o Escrivão Cadini, que fez esclarecimento referente ao processo, coletou as assinaturas, instituiu a comissão e fez o devido registro em Cartório.
Após reunida a documentação, Vilson Arcari, Vildo Rovani, (in memória) e professor Angelo Estevan Damiani foram até Porto Alegre fazer a entrega, na Assembleia Legislativa, onde receberam o protocolo do Presidente da mesma, Deputado Renan Kurtz.
Deu entrada o processo na Comissão de Constituição e Justiça, sendo o relator do processo, o Deputado Pompeo de Mattos, e também na comissão de assuntos municipais, com o Deputado Giovani Cherini, que começaram a trabalhar em favor da emancipação. Assim, sempre orientavam sobre documentos que faltavam para que a comissão providenciasse.
Na primeira instância o Governador Antônio Britto vetou. Então, Vildo, Vilson e Arcenio Biazotto foram até a Comissão de Constituição e Justiça que havia aprovado para buscar apoio. Retornando, reuniram várias pessoas, lotaram um ônibus e retornaram à Porto Alegre no dia da derrubada do veto, onde a maioria dos deputados votou a favor. Os recursos eram poucos, mas mesmo assim, com ajuda de cada um dos envolvidos, o compromisso foi assumido.
Destaca-se o apoio do padre Valter Baggio (in memória) que cedeu o dia da festa da comunidade Nossa Senhora do Rosário para fazer a festa pró-emancipação e, assim, arrecadou- se mais um pouco de dinheiro para pagar as despesas da comissão (até então cada um arcava com suas despesas) e para pagar o Escrivão Cadini. Foi uma grande festa, uma das maiores da comunidade.
O movimento emancipacionista progrediu e aqueles que tinham receio da criação do município passaram a apoiar o movimento, aumentando ainda mais a pressão popular para a conquista da emancipação. Finalmente, no dia 22 de outubro de 1995 houve um plebiscito, onde a grande maioria dos votos foi favorável ao “SIM” para a criação de um novo município.
No dia 28 de dezembro de 1996, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul Antônio Britto assinou a Lei 10.661 que cria o Município de Vila Lângaro..
Vila Lângaro, ao longo dos anos, testemunhou um crescimento gradual que moldou sua identidade atual. Desde a chegada dos primeiros colonos até os dias atuais, o município enfrentou inúmeras lutas que, apesar dos desafios, resultaram em conquistas frutíferas.
No entanto, o sentimento de orgulho por pertencer à Vila Lângaro é compartilhado por todos. A história da cidade é marcada por uma jornada de perseverança e superação, onde cada obstáculo superado fortaleceu a comunidade e impulsionou seu desenvolvimento. O espírito resiliente dos vilalangarenses tem sido a força motriz por trás dessa trajetória de sucesso.
Realidade do Município
A área territorial do município é de 152,17 Km², distribuídos em 10 comunidades. A altitude da sede é de 643m. O município tem cerca de 2.070 habitantes, fica distante 327 Km da capital do estado, Porto Alegre, e faz parte da AMUNOR - Associação dos Municípios do Nordeste RioGrandense. O município é essencialmente agrícola. As culturas predominantes são o milho e a soja, mas cultivam-se também dentre outras culturas o trigo e a cevada. A pecuária fundamenta-se na produção de leite, criação de suínos, frangos, gado de corte, e na piscicultura.